No Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Campus Campo Novo do Parecis, um projeto inovador liderado pela Professora Doutora Simoni Anese, docente de Biologia, está transformando a maneira como entendemos o uso de plantas de cobertura na agricultura. A pesquisa, que investiga o fenômeno da alelopatia — a capacidade de certas plantas de liberar compostos químicos que afetam o crescimento de outras espécies —, tem demonstrado resultados promissores e pode ter um impacto significativo no manejo de plantas daninhas, promovendo maior sustentabilidade nos sistemas de produção vegetal.
O trabalho, iniciado em 2014 durante doutorado em Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais, foi aprimorado em 2018 durante pós-doutorado na Universidade de Cádiz, na Espanha, e tem sido um pilar central de suas pesquisas no IFMT desde que ingressou na instituição há 10 anos. Os estudos focam especificamente nas plantas de cobertura, como o níger, cártamo, crotalária, nabo forrageiro, feijão mungo-verde e milheto, investigando como os compostos químicos liberados por essas espécies podem interferir na germinação e no crescimento de plantas daninhas.
Segundo a docente, o potencial alelopático dessas plantas pode ser tanto um desafio quanto uma oportunidade. "Algumas plantas de cobertura produzem compostos que podem afetar negativamente as espécies cultivadas, mas também podem ser uma ferramenta valiosa no manejo de plantas daninhas, reduzindo a necessidade do uso de herbicidas", explica. Isso não só contribui para a sustentabilidade ambiental, ao diminuir o impacto de agroquímicos nos ecossistemas, mas também pode reduzir custos e melhorar a produtividade agrícola.
O projeto atual, aprovado pelo Edital 93/2023 do IFMT para Projetos de Pesquisa Aplicada e Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica, envolve uma série de experimentos realizados no laboratório de Biologia do campus. Os estudantes participantes têm a oportunidade de se engajar diretamente nos testes de germinação de sementes, crescimento de plantas e análises anatômicas do sistema radicular das plantas de cobertura e das espécies daninhas. "Durante o processo, foi comprovado que todas as espécies testadas exercem forte interferência alelopática", relata Simoni.
Essa interação direta entre pesquisa e ensino é uma característica fundamental do trabalho no IFMT. "Os projetos contemplam os conteúdos desenvolvidos nas disciplinas que ministro, o que propicia a consolidação de uma linha de pesquisa condizente com a área de Biologia no IFMT", destaca a professora. A integração dos alunos nos projetos não apenas fortalece o conhecimento técnico, mas também estimula o desenvolvimento de futuros pesquisadores e profissionais capacitados a lidar com os desafios agroecológicos.
Além disso, o incentivo à pesquisa científica desde o início da formação dos estudantes é uma prática amplamente promovida no IFMT. A participação em projetos como esse, além de fomentar a curiosidade e o senso crítico, oferece aos alunos uma visão prática do que significa fazer ciência, contribuindo para a formação de recursos humanos qualificados.
Com o apoio institucional e a dedicação dos alunos e professores, o IFMT se consolida como um espaço de excelência em pesquisa aplicada, sempre em busca de soluções inovadoras para os problemas do setor produtivo e da sociedade. O projeto de alelopatia em plantas de cobertura é um exemplo de como a ciência pode transformar o manejo agrícola e promover um futuro mais sustentável.